Eu... Apenas

no teu caminho...

21.2.07

No dia em que o Francisco morreu...

No dia em que o Francisco morreu eu não estava lá. Já tinham sido tantos os funerais que eu lhe tinha feito que este era apenas mais um, com a diferença que não era eu a enterra-lo.

Não deixei o que estava a fazer, apenas decidi que o faria em casa, para continuar com a minha vida.

Desta vez vai ser tão mais fácil, desta vez ele não pode voltar. Acabara-se a “Era do Francisco”.

Quarta-feira, 21 de Fevereiro 2007

Nota:
Até no dia para morrer ele tinha de ser picuinhas, quarta-feira de cinzas.

19.2.07

Francisco e Luísa

Porque não me olhas nos olhos?
Porque não.
Porque não mereces.
(Porque não te vou mostrar como estou fraca.
Porque não que te quero confessar a torrente de sentimentos que provocas.)

Isso não é resposta.
Então diz o que queres ouvir que eu dou-te como resposta.

Deixa-te de birras.
Porque não te deixas tu quando és tu a faze-las?

Cada vez fica mais difícil.
Não sou só eu quem está a esticar a corda.

Hoje és tu.
E quem me garante que amanhã não serás tu?

Deixo-te para voltares.
Quando foi p voltar não deixas-te…

11.2.07

outra vez com a Luísa?

Vens-me com a história da Luísa. Esquece-a.

A Luísa sempre existiu, muito antes de ti já ela existia. Que ameaça te pode ela sugerir? Eu respondo: nenhuma.

A Luísa é assim, vai e volta, avalia se pode aprontar e decide, para depois voltar a partir… Esta é a Luísa!

Luísa como a maré, mas ainda ela não subiu e já tu a estás a executar. Deixa ser ela própria a afastar-se, escusas de te estar e encrespar toda por causa dela. Não podes ter ciúmes dela porque a Luísa é… a Luísa, apenas.
O segundo nome dela pode ser bastante chique se lhe acrescentasse um ‘de’, Chamava-a de ‘Luísa de Ninguém’. Ok, desculpa. Não devia de brincar ou falar-te dela assim mas que queres? Não resisto. Espera estás a entender mal. Não resisto de brincar com o nome dela agora que te falei dele. Outro nome podia ser ‘Luísa de Luas’.

Mas vamos resolver isto de uma vez, a Luísa nunca foi minha (se bem que a Luísa nunca foi de ninguém – assim é a Luísa, lol). A Luísa nunca definiu rótulos, nunca guerreou territórios, nunca assinalou as conquistas, a Luísa nunca se apegava a nada, deixava…Eu não acredito. Lembrei-me de uma frase que uma vez uma amiga, a Princesa, deixou em post no frigorífico lá de casa e que era exactamente a descrição da maneira como a Luísa deixava tudo – livre. “Amo a liberdade, por isso… Deixo as coisas que amo livres… Se elas voltarem é porque as conquistei… Se não voltarem é porque nunca as possui.” de John Lennon. E a verdade é que todos deixamos sempre uma a porta aberta…
A nossa forma de voltar era quando ela aparecia, regressava, eu sei lá… Nunca soube nada daquela miúda, nunca ninguém avançou sem que antes ela o permitisse, era o jogo dela em que de alguma maneira te dizia que podias jogar porque ela estava disponível para jogar. Toda a sensação de tu a poderes controlar era ilusória, isso só acontecia porque ela o permitia e acabava no instante em que o jogo quebrava, que era quando também ela o decidia.

Mas esquece, hoje as coisas são diferentes. Deixa-te de ser convencida, porque pensas que ela voltando seria para me roubar de ti?

Para que queres que ponha os pontos nos i’s com ela? Não é difícil perceber que namoro, até porque ultimamente é difícil dares-me margem de manobra. Para que vou eu dizer para se afastar quando se calhar ela nem se irá aproximar? Ela sabe avaliar e…ela sabe quando estás disposto a jogar.
Vá, vamos terminar isto. A Luísa não é uma realidade, quer dizer ela existe mas apenas em lapsos de tempo. È ilógico discutir pela brevidade temporal que significa este assunto.

9.2.07

Janela indiscreta, Luísa ou Janela, indiscreta Luísa

Por norma atendo o telemóvel quando este se põe feito histérico reclamando a minha decisão em cima da mesinha de cabeceira. Nesta manhã atendi com o mesmo aborrecimento com que o atendo todas as manhãs em que sou arrancada dos sonhos por tal equipamento. Definitivamente odeio telemóveis pela manhã, mesmo que a manhã já vá no meio-dia…

Em silêncio espero, aguarda-me um “Olá” cheio de frescura, criancice e mimo de adulto. Um Oi sai-me a custo, mas como resposta à saudação informal anterior. Quem é? – A voz soa sem curiosidade alguma, surge tão enrolada como a roupa da cama.

Quem é?! Sou eu.

Ah! – Única interjeição disponível aquela hora da manhã e, suspeitando quem era do outro lado, a única possível. Juro que não te entendo, não, definitivamente não te entendo, depois da discussão, do consentires que era te indiferente eu afastar-me, do bater a porta sem volver o olhar, do deixares-me partir sem intercederes, de… de… de… tanta coisa. Tinha-te feito o funeral, enterrado e já estava a seguir a minha vida para agora, num telefonema, a balançares de novo. Nunca pensei em te ter de volta no meu planeta.

– Vamos combinar para sábado?

– ‘tás a gozar. Só pode. Depois de tudo…

– O quê? Nunca ficaria zangado contigo.

(…) não quero recordar. Um dia li qualquer coisa como: só alguém que já se curou se pode dar ao luxo de recordar.

– Acredito-te na ombreira da porta do meu apartamento, já não é a caminho, já não é no quase a chegar, mas na ombreira da porta. Até lá não quero saber se quer que existes.

E não existes, qual foi a parte em que eu pensei que estava acordada?

FR

A água vai regressar ao mar, e eu poderei voltar à praia sem recordar que um dia existiu um tsunami.